sábado, 10 de maio de 2008

Perfil do desemprego no Norte é um "bom sinal" de mudança

Abel Coentrão, in Jornal Público

Instituto de Emprego tem ainda cerca de dez mil inscritos na região cujas habilitações não chegam sequer à antiga quarta classe da instrução primária

O delegado regional do Norte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) admite que, dado o perfil da maior parte dos desempregados da Região Norte, "vai levar muito tempo" a recuperar a taxa de desemprego para níveis muito baixos. "Eu diria - arriscando-me a ser polémico, porque isto tem sempre duas perspectivas - que ainda bem. É sinal de que estamos a apostar em novas indústrias e serviços", assume Avelino Leite, em entrevista ao PÚBLICO e à Radio Nova.

Na entrevista, que hoje, a partir das 10h00, pode ser escutada na rádio, e que pode ser lida amanhã no PÚBLICO, Avelino Leite explica que a grande tarefa das instituições regionais passa por "qualificar estas pessoas para as trazer para estes novos sectores". Um desígnio que não está isento de dificuldades, assume. "Em 31 de Dezembro de 2007, dos mais de 170 mil inscritos no IEFP, 105 mil não tinham completado o nono ano. Este é que é o grande problema", assinala, mostrando-se ainda mais preocupado com uma faixa deste grupo ainda mais desqualificada, que habita, maioritariamente, no Vale do Ave.

"Aí o que fechou foi a indústria têxtil pesada - fiação, tecelagem, tinturaria - que empregava milhares de pessoas. Estas foram para a fábrica aos dez, 11 anos, depois de completarem a quarta classe - quando a faziam, porque o facto é que ainda temos cerca de dez mil inscritos sem a antiga quarta classe - e agora saíram de lá com 52, 53 anos, quase todos com 40 e mais anos de trabalho e de descontos para a segurança social. Estas pessoas terão imensas dificuldades, até porque a maior parte delas nao estará motivada para fazer uma reaprendizagem e voltar ao mercado de trabalho. Elas estavam a vislumbrar a reforma ali à frente. E são as que nos colocam mais problemas", admite este responsável.

Apesar desta situação, Avelino Leite vinca que tem havido uma diminuição do número de inscritos no IEFP. "Em 2007 diminuímos mais de 30 mil inscritos. Aqui entra uma maior oferta de emprego, mas também uma nova legislação sobre o subsídio de emprego que, através da obrigação da apresentação quinzenal, torna mais difícil às pessoas estarem inscritas e a receber subsídio, e muitas vezes a trabalhar em simultâneo, principalmente no estrangeiro. Isto fez com que muitas pessoas que estavam em Inglaterra ou aqui na Galiza, etc, deixassem de estar inscritos", afirma o defegado regional do IEFP.




Cantinho do Emprego
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