Para Manuela o centro deve encerrar as portas às dez e aos domingos. Carlos, empregado numa loja de material desportivo, faz eco. "Os clientes acostumam-se com o que é oferecido, se abrirmos até às quatro horas da manhã teremos pessoas a fazer compras". O cigarro acabou e eles têm de voltar para os clientes. Antes de partirem concordam em conversar com o DN sobre suas rotinas no Colombo. São unânimes em condicionar a conversa ao anonimato.
O que é preciso para encontrar trabalho num centro comercial? "É fácil, basta entregar o currículo. O que importa é a aparência, a inteligência não conta", diz Manuela, 20 anos, que trabalha numa loja de roupa íntima. Para atender os requisitos de aparência, Inês passou a alisar os cabelos todas as manhãs, fazer as unhas e arranjar as sobrancelhas uma vez por semana. "Gasto cerca de 60 euros por mês no salão de beleza". As fardas ajudam a compor a 'aparência' exigida pelas lojas. São responsabilidade do empregador, que na maioria dos estabelecimentos cede a roupa, mas não os sapatos. Saia e top são as peças do vestuário de Manuela, o que a obriga a usar collants. "Recebo 12 collants para seis meses. Mas gasto um por semana, que custa 1,95 euros".
Além de vender, ir ao banco, controlar o stock e fazer a limpeza da loja também figuram no quotidiano dos vendedores. "Temos de limpar a loja depois do fecho. Imagino que seja um custo muito alto para o empregador", ironiza Rita."Máquina de fazer dinheiro"
Se conseguir emprego é fácil, difícil é encontrar tempo para outras actividades. Os horários dos trabalhadores são rotativos. Numa semana pode entrar-se às 10.00 e sair às 19.00. Noutras, o horário é das 12.00 às 21.00 ou ainda das 15.00 horas às 24.00. "Entre sair de casa para trabalhar e chegar para o descanso passam-se 11 horas", diz Manuela. Com o part-time, Catarina pode terminar o 12º ano. Agora, com horários a rodar, não sabe como desdobrar-se para estudar línguas. Tornar-se hospedeira de bordo é o sonho de Sofia. Porém, há obstáculos: "Tenho de terminar o 12º ano, concorrer a uma vaga na TAP e fazer o curso. Não sei se consigo estudar e trabalhar". Ganhar mais e ter horários fixos é o que Inês precisa para formar-se como assistente social. "Não tenho tempo para estudar, logo, não posso progredir, aqui não se aprende nada. A empresa está a marimbar-se se eu quero estudar ou não, sou uma máquina de fazer dinheiro", critica.
O salário base dos empregados de balcão do Colombo varia entre o mínimo nacional e os 500 euros. As comissões oscilam entre os 10% e os 30%. "Passo muitas horas por dia dentro do Colombo, acabo por utilizar todos os serviços, como banco e supermercado, a minha vida é o Colombo", desabafa Carlos.
Cantinho do Emprego
http://cantinhodoemprego.blogspot.com/
2 comentários:
Têm emprego não têm?
Recebem salário não recebem?
Então nao se queixem...´
Há milhares de pessoas desepregadas, sem conseguir pagar as suas despesas...
Há milhares de crianças à fome em Portugal e no mundo...
Já agora sugiro que aproveitem o intervalo pra deixar de fumar poupam dinheiro e a vossa saúde também!
E já agora uma última nota... sejam felizes...
Carla.
Ui ui eu k estou a pensar seriamente ir para o Colombo trabalhar XD
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