domingo, 16 de março de 2008

Função Pública promete semestre de contestação

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Manifestantes desfilaram do Terreiro do Paço até à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento

A história repete-se e sem ela uma greve em Portugal não seria a mesma coisa. A divergência entre sindicatos e Governo, na percepção do impacto da paralisação de ontem na Administração Pública, não é suave.

O Ministério das Finanças aponta para uma adesão de 8,43%, ao passo que a Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública (Frente Comum), que convocou o protesto, avança com a estimativa de 70%. Certo é que o tom de contestação está a aumentar e os próximos meses prometem ser fartos em acções de luta na Função Pública.

"Esta semana marca a mobilização que vai acontecer durante o semestre", garantiu ontem Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum, afecta à CGTP.
A dirigente sindical falava no Terreiro do Paço, onde teve início o desfile que levou vários milhares de manifestantes à residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento. A greve e a manifestação de ontem foram convocadas em oposição ao novo regime de vínculos, carreiras e remunerações, mas Avoila deixou claro a adesão dos trabalhadores se deve ao "descontentamento acumulado ao longo de anos".

Na mesma ocasião, o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, lembrou que os funcionários públicos já perderam um décimo do valor real dos salários, nos últimos anos, exigindo ao Governo melhores condições salariais para a Administração Pública e mais respeito pelos trabalhadores. "Quando os trabalhadores não são tidos em conta na governação, não se está a cuidar do futuro", referiu.

Os sindicatos indicam que a greve teve o impacto esperado. Segundo Ana Avoila, o sector da Saúde foi o mais afectado, com as principais unidades hospitalares do país a funcionarem em serviços mínimos, com adesão "elevada ou total" dos trabalhadores administrativos e auxiliares. Na Educação, Avoila aludiu a centenas de escolas encerradas ou a funcionar de forma deficiente.

A visão do Governo é diferente. O secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, classificou o impacto da greve como "muitíssimo reduzido". Segundo revelou, 100% centros de emprego e de saúde estiveram a funcionar, tal como 97% dos serviços de Segurança Social e das repartições de Finanças.

Segundo os dados apurados pela Direcção-Geral da Administração do Emprego Público (DGAEP), para onde os serviços do Estado fizeram os reportes de greve, houve 29 045 trabalhadores em greve, num universo de mais de 344 mil. A educação foi o sector mais afectado, com 509 serviços a encerrarem devido à greve, seguindo-se a justiça, com 122. Na anterior greve, a 30 de Novembro de 2007, houve cerca de 70 mil funcionários em greve, segundo a DGAEP, mas esse protesto foi convocado por todos os sindicados da Função Pública, e não apenas pela Frente Comum.



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