quinta-feira, 26 de junho de 2008

Desemprego assusta portugueses e garante título europeu da falta de confiança

Os portugueses são os mais pessimistas numa Europa cada vez mais pessimista. Os resultados do Eurobarómetro - um inquérito realizado pela Comissão Europeia junto de cerca de 30 mil cidadãos da União - mostram que é em Portugal que as pessoas menos acreditam numa melhoria das suas vidas e, em particular, da sua situação financeira.

Os optimistas estão em clara minoria. Apenas 15 por cento da população nacional aposta numa evolução positiva da sua vida durante os próximos 12 meses, enquanto em relação à situação financeira da família este resultado não ultrapassa os 11 por cento. Portugal tem o resultado mais baixo entre os 27 países da UE nestes dois indicadores e fica longe da média europeia de 32 e 22 por cento respectivamente.
A confirmação do título de mais pessimistas da Europa acontece numa altura em que a tendência, em toda a região, é para uma deterioração das expectativas, principalmente no que diz respeito a questões relacionadas com a economia. De Outono de 2007 para cá, com o agravamento da crise financeira e a subida dos preços dos combustíveis e alimentos, a percentagem dos europeus que esperam uma melhoria da sua situação financeira reduziu-se em nove pontos percentuais. Mas, em Portugal, a quebra foi bem maior, atingindo os 21 pontos. Evolução mais negativa só na Grécia e Espanha, dois países habituados a ritmos elevados de crescimento nos últimos anos e que se deparam, agora, com a perspectiva de abrandamento e subida do desemprego.

Desemprego é a prioridade

Se a nível europeu, a inflação ultrapassou, pela primeira vez, o desemprego como o maior problema identificado pelos cidadãos, em Portugal continua a constituir a grande preocupação.

Segundo a edição do Eurobarómetro ontem divulgada, 49 por cento dos portugueses responde "desemprego" quando lhes pedem para dizer quais as duas maiores dificuldades que enfrenta o seu país actualmente. Este é, entre todos os países europeus, o mais alto, significativamente acima do segundo lugar ocupado pela Hungria com 41 por cento. A nível europeu a prioridade dada ao desemprego passou de 27 para 24 por cento, sendo substituída no primeiro lugar pela inflação citada por 37 por cento dos inquiridos.

Isto não quer dizer que a subida de preços tenha passado despercebida. A inflação é escolhida como um dos dois principais problemas por 42 por cento da população portuguesa, o que representa uma subida de sete pontos percentuais face aos resultados de Outono do ano passado.

Uma das perguntas sempre feitas neste inquérito é sobre os benefícios trazidos a cada país pela União Europeia. Os Irlandeses, que votaram "não" ao Tratado de Lisboa, continuam a ser os europeus que mais revelam as vantagens de serem membros, com 81 por cento de respostas positiva. Portugal está ligeiramente acima da média europeia, com 61 por cento, mas foi dos que registou uma descida mais significativa face ao últimos inquérito. S.A.

11%
Percentagem de portugueses que acham que a sua situação financeira vai melhorar durante os próximos doze meses, o resultado mais baixo em toda a UE

49%
Percentagem de portugueses que escolhem o desemprego como uma das duas maiores preocupações que o país enfrenta, o valor mais alto entre todos os inquiridos na União Europeia.




Sem comentários: